Enchei-vos do Espírito - Parte 1

Luciano Motta

Fazemos diversas resoluções no começo de um novo ano. Alguns desses desejos são realmente fundamentais na caminhada do cristão: ler toda a Bíblia, orar todos os dias, crescer como discípulo, envolver-se mais nas atividades da igreja local, etc. Ter uma vida contínua e permanentemente cheia do Espírito Santo é outra bela resolução para 2018. Mais do que isso, é uma ordenança das Escrituras:

"E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito"
(Efésios 5.18).

Um erro comum é usarem essa passagem como justificativa para se proibir o consumo de bebida alcoólica, ou para se defender que o cristão fique "embriagado" do Espírito. Quando observamos o contexto, o verso 18 está totalmente conectado às afirmativas anteriores que compõem a argumentação do apóstolo Paulo: não tenham um procedimento de tolos, mas de sábios (v.15); não sejam insensatos, mas entendam a vontade do Senhor (v.17). Assim, fica claro que a ênfase do texto não está na bebida, tampouco em uma experiência com o Espírito Santo que nos faça "ficar como bêbados" pela manifestação da Sua presença.

Antes de prosseguirmos, uma ressalva: 

É perfeitamente possível (e totalmente desejável!) termos uma experiência extraordinária com o Espírito Santo, a ponto de parecermos bêbados ou em êxtase. O relato de Atos 2.1-13 talvez seja o melhor exemplo disso: os discípulos foram tão cheios do Espírito que muitos zombaram deles, dizendo: "Eles estão embriagados com vinho!" Portanto, não ignoramos uma manifestação do Espírito Santo que "perturbe" a lógica, a razão, as leis da física (ou qualquer coisa do tipo).

Deus é Deus!

Retornando...

A exortação de Paulo à igreja de Éfeso (e a nós) — para não nos embriagarmos com vinho, mas nos enchermos do Espírito — fala mais especificamente da forma como estamos conduzindo nossas vidas: Tenho sido uma pessoa que tem clareza e discernimento em tudo que faço? Meu foco (coração) está totalmente em Deus? Ou tenho sido perturbado (embriagado) por outras coisas (a forma de pensar do mundo, por exemplo) a ponto de afetar meus sentidos e desnortear meu caminhar?

Ser cheio do Espírito é conhecer com propriedade a vontade de Deus e viver em sabedoria; é ser alguém que discerne as trevas que cobrem este século (os dias são maus) e que, por isso, sabe aproveitar bem o tempo, não desperdiçando as oportunidades (v.16). Isso aponta um tipo de "sobriedade santa" em tempos caóticos.

Se recuarmos um pouco mais na leitura do mesmo capítulo 5 da epístola aos efésios, veremos um paralelo entre sermos cheios do Espírito e andarmos "em toda bondade, justiça e verdade", como filhos da luz (v.8-10). Uma vida cheia do Espírito nos capacita a desenvolvermos o caráter divino em nós, e assim iluminamos o mundo — qualquer lugar, quaisquer circunstâncias.

Como sermos pessoas cheias do Espírito? As Escrituras respondem (v.19-21):
• falando entre vós com salmos
• entoando e louvando de coração ao Senhor com hinos e cânticos espirituais
• dando sempre graças por tudo a Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo
• sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo

Note que todos os verbos dessa passagem estão no gerúndio, ou seja, indicam uma ação prolongada, um procedimento em curso. Isso significa que cada uma dessas sentenças pertence à mesma oração principal ("enchei-vos do Espírito"), ou seja, as ações "falando", "cantando e louvando", "dando sempre graças" e "sujeitando-vos" são inseparáveis para termos uma vida cheia do Espírito!

É o que veremos na continuação deste artigo... [leia aqui]

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Nota: Já estava com essa palavra em desenvolvimento quando encontrei o estudo de Ernesto Wegermann sobre a passagem de Efésios 5.18-21, que é muito bom e profundo. Recomendo a leitura.

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