Sobre a Copa do Mundo no Brasil

Luciano Motta

Eu me lembro que, quando criança, sempre contava os dias para o começo de uma Copa do Mundo. E sempre imaginei como seria se a Copa acontecesse no Brasil... As ruas ficavam tomadas de verde-e-amarelo, com bandeiras e pinturas nos muros e no asfalto... Era um evento reunir a galera para assistir o jogo juntos... Hoje não vejo nada disso. Talvez você me diga: "É porque você cresceu". Mas não vejo brilho nos olhos das crianças de hoje, como também não vejo as crianças brincando livremente nas ruas até anoitecer, jogando bola ou soltando pipa...

Percebo, na verdade, que os tempos são outros. A mídia ainda tenta nos vender a ideia de que a Copa é um evento que deva mobilizar as pessoas em prol da nação, a famosa "pátria de chuteiras". Só que vejo outros tipos de mobilização. Em vez de barulho de festa, há retumbante indignação e revolta com os muitos investimentos em estádios e apenas "maquiagens" na infraestrutura do país (vide nossos aeroportos e vias públicas). Muito dinheiro indo para o bolso dos donos de empreiteiras e seus padrinhos políticos, e nenhum retorno para nossa população.

Sim, os dias são maus. Não é tempo de festejar nada. Não é tempo de gritar "gol!". A violência tem crescido assustadoramente. Pessoas próximas tem morrido brutalmente nas ruas e até em suas próprias moradias por conta de governos que se sucedem indiferentes ao seu papel de representar nossas demandas cotidianas. A "maquiagem" dos políticos e da mídia "embeleza" também os crimes e a impunidade cada vez mais próximas de nós.

Daí a sensação de frustração. Aquele sonho de criança, prestes a ser realizado, se tornou algo que não quero mais. Se eu fosse o dono da bola, desfaria tudo: nada de brincadeira aqui no meu quintal, nada de estranhos ditando o que devemos fazer, nada de farra com o dinheiro das pessoas, ou seja, o nosso dinheiro. Por isso, tenho colocado tudo o que não posso fazer, toda frustração e indignação perante Aquele que é dono não só da bola, mas de tudo. Tenho orado a Deus e feito um pedido de filho: "Justiça!" E que bom pai não faria de tudo para atender ao seu filho?

É tempo dos filhos de Deus se mobilizarem e levantarem ao Pai esse clamor por justiça. Também é tempo dos filhos de Deus agirem naquilo que podem fazer para que a justiça já esteja presente entre nós, especialmente nas pequenas atitudes. É tempo de sermos mais altruístas e menos individualistas. Vamos sonhar de novo. Não os sonhos de criança, egoístas, limitados, mas buscar o que é do alto, pensar no que é do alto, sonhar o que está no coração de Deus... até que Ele venha.

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