Cinco passos para perder a sua vida se você for um cristão

Luciano Motta

Nesses dias de um evangelho tão carregado de frases de efeito, de "unções" de conquistas, de livros tipo "dez atitudes para ser próspero" ou "vinte e cinco sementes para uma grande colheita", de mensagens para se ter uma vida vitoriosa, dentre outras coisas semelhantes, vemos nas Escrituras uma direção oposta a todo esse egocentrismo. Partindo da perspectiva de Mateus 10, verificamos um caminho muito mais excelente e compatível com a Palavra e a vontade de Deus.

Os doze discípulos receberam de Jesus autoridade para expulsarem demônios (v.1), curarem todo tipo de doenças (v.1) e pregarem uma mensagem: o Reino do céu chegou! (v.7) Se fizermos uma pesquisa e perguntarmos a qualquer cristão se ele crê nessas palavras, se ele crê que essa autoridade está sobre todo discípulo de Jesus hoje, a resposta será um sonoro "sim". Porém, na realidade, temos feito muito pouco nesse sentido aos perdidos. Por que demônios não se manifestam nas filas dos ônibus, nos corredores dos shoppings e dos supermercados, acuados pela autoridade de Cristo na vida dos atuais discípulos? Por que recorremos aos remédios antes de orarmos e repreendermos com a autoridade de Cristo as enfermidades? Por que nos calamos e não anunciamos com a autoridade de Cristo o Evangelho do Reino?

Jesus ordenou aos discípulos: "Não vos provereis de ouro, nem de prata, nem de cobre, em vossos cintos; nem de alforje para o caminho, nem de duas túnicas, nem de alparcas, nem de bordão" (v.9-10). Em outras palavras: eles não deviam levar em sua missão nada que pudesse substituir a confiança total na provisão do Pai. Da mesma forma nós não devemos nos apegar a nenhum apoio natural - trabalho, carreira, plano de saúde, seguro de vida. Em um sistema capitalista, o centro da vida é o capital. Tudo gira em torno do dinheiro. Em contrapartida, como discípulos, o centro de nossas vidas é Jesus, é a vontade do Pai. Precisamos confiar totalmente na provisão Dele, pois Ele sabe o que é melhor para nós, Ele sabe o que necessitamos.

Durante a missão, quando provados e apertados por situações difíceis (e eles passariam por isso!), os discípulos não deviam se preocupar com o que falar, pois o Espírito do Pai falaria por eles (v.19-20). Não raro nos encontramos em circunstâncias em que a nossa fé é testada. Pessoas nos pressionam, querem respostas, querem que neguemos o Mestre. Nosso tempo é de muitas perseguições ao Evangelho e seus valores. Estamos mesmo dispostos a padecermos por amor a Jesus?

Duas atitudes muito fortes foram requeridas dos discípulos por Jesus: "Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno de mim. E quem não toma a sua cruz, e não segue após mim, não é digno de mim. Quem achar a sua vida a perderá, e quem perder a sua vida por amor de mim a encontrará" (v.37-39). Devemos amar a Jesus acima de tudo ao ponto de tomarmos a cruz e perdermos a vida por Ele. São lindas essas palavras, poéticas, inspiradoras, porém podem não significar nada na prática. Precisamos dar passos nessa direção.

Cinco passos para perder a sua vida se você for um cristão:

1º passo: Reconheça que a sua vida pertence a Cristo, não mais a você. "Não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que habita em vós, o qual possuís da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por preço; glorificai pois a Deus no vosso corpo" (1 Coríntios 6.19-20). Jesus, Aquele que nos ama, nos lavou de nossos pecados no Seu sangue e fez de nós um reino de sacerdotes para Deus e seu Pai (Apocalipse 1.5-6). Não somos mais de nós mesmos. Não temos mais vontade própria. Somos Dele - vivemos por Ele e para Ele.

2º passo: Alinhe seus projetos e prioridades pessoais de acordo com a causa que você passou a ter em Cristo. "Rogo-lhes que vivam de maneira digna da vocação que receberam" (Efésios 4.1). Trate sua carreira como parte inseparável do Reino. Cumpra o que Deus faz arder em seu coração desde o momento que você rendeu sua vida a Ele. Ainda que seus pais não entendam você se formar em medicina e ir para a África, como missionário, para servir com seus conhecimentos médicos. Ainda que seus amigos não entendam você deixar uma carreira potencialmente bem sucedida para se dedicar com exclusividade ao ministério.

3º passo: Abandone sua mornidão espiritual por uma busca apaixonada por Cristo. Eleve o padrão de sua prática devocional. Quanto tempo você dedica à oração, à leitura da Palavra? Quantas horas por semana você jejua? Somos transformados pela imagem do que contemplamos. Quanto de Deus você tem visto todos os dias? O que você tem ouvido Dele?

4º passo: Obedeça a Cristo acima de tudo. "Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até à morte, e morte de cruz!" (Filipenses 2:5-8). Não se prenda a posições, títulos ou cargos eclesiásticos. Não resista quando Ele ordenar mudanças significativas em sua vida. Não tenha medo de se expor, de ser considerado louco ou ridículo. Tenha zelo pelo que é certo e justo, mesmo que isso manche sua reputação. Como Paulo, considere tudo por perda... por causa de Cristo (Filipenses 3.7).

5º passo: Considere uma grande honra o fato de possivelmente te colocarem na cruz por você passar a viver como Cristo. Lembre-se de Suas palavras: "Quem perder a sua vida por amor de mim a encontrará". O estilo de vida de Jesus impactava as pessoas. Muitos eram atraídos pela Sua presença, por Sua mensagem, pelos sinais que operava. Outros queriam crucificá-Lo.

Cumpra esses cinco passos e em pouco tempo a sua vida estará arruinada segundo o padrão do mundo, porém você estará plenamente satisfeito em Cristo, cumprindo de modo digno o seu chamado e sendo sal e luz aos perdidos. Você irá além de apenas ter sido relacionado entre os que seguiram a Jesus (v.2-4). Pois é real a possibilidade de nunca marcar a história, apesar de ter andado com Ele. Pense comigo: dentre os 12 espias enviados a Canaã, de quais nomes nos lembramos? Josué e Calebe não foram apenas relacionados na história do povo de Deus - eles marcaram a história e permaneceram como exemplo e testemunho ao longo dos séculos, porque entenderam que suas vidas eram do Senhor e viveram para Ele (leia Deuteronômio 1.19-33 e Números 13.3-16). Veja que até entre os 12 discípulos de Jesus, nossa lembrança se volta aos que mais se destacaram.

Como você será lembrado diante de Deus e dos homens: alguém que foi relacionado como parte da história ou alguém que marcou e modificou a história, porque deu passos em direção à vontade do Pai e viveu por Ele e para Ele?

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