As marcas de um recomeçar - Parte 2

Continuação do artigo de Anderson Bomfim, do site Missão Mobilização

RECONHECER QUE NÃO SE RECOMEÇA SOZINHO
APRENDER A CONFIAR NAS PESSOAS QUE ACREDITAM NO SEU CHAMADO

Primeiramente vimos a maneira como Moisés e Paulo partiram com ímpeto de sucesso e tiveram que reconhecer o fracasso das suas iniciativas, a maneira como tiveram que resolver suas crises e seus conflitos. É importante entendermos isso, sem essa resolusão pessoal, não estamos recomeçando em Deus, estamos apenas dando continuidade ao mesmo ciclo equivocado de sempre. Como diz a expressão popular, trata-se do tempo de “zerar” todas as coisas, em todas as áreas, para que possamos ver com mais clareza e andar com mais leveza.

Êxodo 4.26-29 diz: “Disse também o Senhor a Arão: Vai ao deserto para te encontrares com Moisés. Ele foi e, encontrando-o no monte de Deus, o beijou. Relatou Moisés a Arão todas as palavras do Senhor, com as quais o enviara, e todos os sinais que lhe mandara.Então, se foram Moisés e Arão e ajuntaram todos os anciãos dos filhos de Israel”. Outro aspecto importante no recomeço desses homens é que nenhum deles recomeçou sozinho. Em Êxodo 4.26 vemos a forma como Arão se uniu a Moises no momento decisivo de retomar seu chamado. Arão reconhecia e acreditava no chamado que Moisés carregava e o apoiou diante do povo e do faraó. Só quem estava na terra dos conflitos entende isso, o quanto é difícil recomeçar sozinho, sem o apoio de pessoas que como irmãos e amigos de causa se colocam ao seu lado para encorajar e impulsionar. Moisés futuramente acabou assumindo esse mesmo papel na vida de Josué, responsável por dar continuidade ao que havia começado.

O interessante é que Paulo passou pelo mesmo processo, enquanto estava no escuro silencio do tecelão, primeiramente tem uma experiência com Ananias, um cristão que morava em Damasco e tinha consciência da ameaça que representava Saulo de Tarso para a igreja, mas em uma visão o Senhor o chamou para ajudá-lo. O Senhor disse: “Vai, porque este é para mim um instrumento escolhido para levar o meu nome perante os gentios e reis, bem como perante os filhos de Israel”. Todos nós precisamos de um Ananias, de um homem que abra nossos olhos para Deus, alguém que veja dentro de nós, que veja além da reputação que recebemos, Ananias viu que o chamado de Deus para Paulo, valia mais do que as coisas erradas feitas contra os irmãos.

Outra pessoa importante no recomeço de Paulo foi Barnabé. Segundo a narrativa de Atos 9.26-31, Paulo “tendo chegado a Jerusalém, procurou juntar-se com os discípulos; todos, porém, o temiam, não acreditando que ele fosse discípulo. Mas Barnabé, tomando-o consigo, levou-o aos apóstolos; e contou-lhes como ele vira o Senhor no caminho, e que este lhe falara, e como em Damasco pregara ousadamente em nome de Jesus”. Barnabé acreditou em Paulo e o levou até os apóstolos, que conforme o relato de Gálatas 1.18, os únicos apóstolos que Paulo afirma ter visto foram Pedro e Tiago. Barnabé deu credibilidade a ele antes que qualquer outro estivesse disposto a dar, assumiu o risco de dar credibilidade quando Paulo anda não tinha tido tempo de conquistar por si mesmo.

É provável que Paulo tenha vivido alguns anos no anonimato em Tarso, na expectativa do cumprindo da palavra que Deus lhe havia dado em Damasco. Enquanto as conexões divinas eram feitas, Paulo permaneceu construindo tendas e recebendo do Senhor aquilo que deveria entregar as nações. Paulo primeiro teve que esperar por Ananias em Atos 9, depois teve que esperar por Barnabé em Atos 11. Paulo foi com Barnabé para Antioquia, onde começa a se desenvolver uma equipe dinâmica (Profetas e mestres | Atos 13), onde ensinaram juntos por um ano, levantando muitos discípulos e estabelecendo uma nova plataforma de avanço para o cumprimento da grande comissão. Atos 11.25-26 diz: “E partiu Barnabé para Tarso à procura de Saulo; tendo-o encontrado, levou-o para Antioquia. E, por todo um ano, se reuniram naquela igreja e ensinaram numerosa multidão. Em Antioquia, foram os discípulos, pela primeira vez, chamados cristãos”.

Nem Moisés, nem Paulo recomeçaram sozinhos, representam um testemunho de muita relevância histórica e escritural a todos nós que estamos procurando cumprir o chamado de Deus e viver de forma digna da vocação que recebemos. Cerque-se de pessoas que acreditam no seu chamado, envolva-se com pessoas maduras para dar suporte ao seu desenvolvimento e não pessoas que se sentem ameaçadas pelo seu serviço ou apenas se utilizam do seu trabalho para fins pessoais ou denominacionais.

CONCLUSÃO
DESPERTAMENTO PESSOAL

Estava meditando sobre despertamento pessoal, e me voltei para Efésios 5, um capitulo em que Paulo fala sobre “filhos amados”, “andar como Cristo andou”, “Filhos da Luz”, neste contexto está a expressão “Desperta tu que dormes...”, fala de atentarmos para a maneira como temos conduzido a nossa vida, de procurarmos compreender qual a vontade do Senhor. Esse despertamento não tem a ver com o que fazemos, mas com o que somos, temos que acordar para o que somos em Deus, deixar o descontrole do vinho para sermos cheios do Espírito Santo, dando sempre por tudo graças a Deus, em nome de Jesus, sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo.

Vejo neste capitulo algumas chaves para o despertamento pessoal, primeiro despertar quem realmente quem você é em Deus, deixar uma vida de descontrole e desordem para ordenar a vida por meio ser cheio e o andar no Espírito, sujeitando a vida aos irmãos, no sentido de organizar a vida sob os conselhos dos irmãos. Minha geração tem disposição em buscar pelo Espírito Santo por dias, mas não sabe como sujeitar a vida aos irmãos, por isso, é inconstante, desorganizada e virtual em suas ações. Agradeço a Deus pelos últimos doze anos de serviço ministerial, e reconheço estar diante de um novo ciclo, que exigiu algumas posições firmes, mais um tempo que precede novos ciclos e desafios. Reconheço a importância dos dias que fiquei na terra dos conflitos e no silencio do escuro para experimentar esse reencontro com o chamado. Reconheço a importância dos “Arões e Barnabés” que fazem parte da minha vida, agradeço a Deus, pela família, pelos amigos da rede ministerial e aos presbíteros da comunidade local em Curitiba, homens aos quais tenho sujeitado a minha vida no temor de Cristo.

Encorajo a todos que chegaram até aqui, lendo este texto, que continuem... Entendam esse momento da sua vida como um tempo de recomeçar, e recomece quantas vezes for possível e quantas vezes Deus lhe der oportunidade.

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