Foco

Luciano Motta

Segundo o dicionário online Priberam, a palavra foco vem do latim (focus, -i) e significa "lar, lareira, braseiro, casa, chama, pira".

Outros significados:
1. Ponto onde se concentram os raios luminosos que passam por uma superfície transparente.
2. Ponto de convergência ou de onde saem emanações. = CENTRO
3. Ponto ou lugar onde se concentram certos fatos ou fenômenos. = CENTRO, SEDE
4. Candeeiro que concentra a luz num feixe estreito e que se pode orientar em várias direções.
5. Ponto ou espaço onde se concentra um feixe de luz.
6. Lugar onde arde o combustível nos fornos.

Algo que está em foco é o mesmo que "em destaque" ou "em discussão".

O verbo focar tem algumas outras implicações:
1. Pôr em foco.
2. Tomar por foco.
3. Ajustar um sistema óptico para obter uma imagem mais nítida.
4. Concentrar ou concentrar-se.

Seu sinônimo geral é FOCALIZAR.

Aqui reside um dos pontos deste artigo: O que temos focalizado? Qual tem sido o foco de nossas vidas? Em outras palavras: Qual tem sido a chama que arde dentro de nós?

Em Colossenses 1.15-17 lemos: "[Jesus] é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; porque Nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado por Ele e para Ele. E Ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por Ele".

Jesus é o centro. Ele é o foco.

Porém, nosso coração é dividido. Queremos algo que nos satisfaça, que atenda ao nosso eu. Nossas atenções estão fragmentadas em muitas ocupações e desejos. A petição do salmista sintetiza bem isso: "Unifica o meu coração para temer o teu nome" (Salmo 86.11).

Estabelece-se uma dualidade: Enquanto o mundo segue cada vez mais centrado no homem, corrompido pela velha natureza do pecado, aqueles que receberam a vida de Deus pela fé em Cristo tem outra mentalidade. Quem nasceu de novo tem um sentido radicalmente diferente para sua existência - o "eu" foi substituído pela adição de outras duas letras: "Deus". Mas a carne insiste. Ela luta para que permaneça "D-eu-s", ou seja, a vontade do homem ainda em evidência, como uma tentativa desesperada de resistir ao Único Digno de atenção no grande palco central.

Por estarmos há tanto tempo focados em nossas próprias crises e preocupações, parece que é necessário que ocorram tragédias - como a devastação na região serrana, o terremoto/tsunami no Japão ou o massacre na escola - para que nossos olhos saiam de nós mesmos, de nossas "coisinhas", de nosso "universo particular". Quando ocorrem calamidades, é muito significativa a mobilização das pessoas para amenizar de alguma forma a dor daqueles que sofreram perdas irreparáveis. Mas vida que segue: domingo é final de campeonato, segunda tem trabalho, terça vencem as contas... De novo estamos com o foco em nossos próprios umbigos.

Lemos em Deuteronômio 5.22-27 que os hebreus, ao receberem os mandamentos no monte Sinai, temeram. Diz o texto que o Senhor falou "do meio do fogo". Eles pediram que apenas Moisés se aproximasse e falasse diretamente com Deus. Lembre-se que aquele povo era centrado em seus próprios desejos, por isso sucumbiu no deserto. Moisés, porém, havia recebido seu chamado por meio do fogo que fazia a sarça arder e não a consumia.

Precisamos discernir se temos condições de nos aproximarmos de Deus, a quem a Bíblia chama de "Fogo Consumidor". A primeira condição é o amor. Ele nos amou e nos recebeu como filhos através do novo nascimento. O verdadeiro amor lança fora o medo (1 João 4.18). Esta palavra confirma que podemos - e devemos! - nos aproximar Dele! Para mantermos o foco na Pessoa certa e alimentarmos essa chama acesa, viva, precisamos nos voltar para Deus e amá-Lo de todo nosso coração, alma, força e entendimento!

Também é importante uma atitude humilde, quebrantada: tirarmos as sandálias dos pés, considerarmos a nós mesmos como servos, escravos, totalmente submissos. Somente assim Ele nos exaltará (Tiago 4.6-10). E ao ouvirmos a Sua voz, devemos cuidar para não construirmos "ídolos estáticos". Temos a tendência de seguir fórmulas e padrões. Adoramos modelos. Mas o fogo não tem uma forma definida, e não é estático. Deus está em movimento e está fazendo novas todas as coisas (Apocalipse 21.5).

Saudade é focalizarmos alguém. Mas não é qualquer pessoa, tem de ser alguém significativo. Sentimos então uma dor no peito pela falta, pela ausência dessa pessoa. Perdemos até a vontade de comer. Saudade também demanda alguma ação. Saudade sem atitude é só discurso, é só jogo-de-cena. Pois parece estar aumentando a saudade na Noiva (a igreja) pelo Noivo (Jesus). Tem crescido o clamor pela segunda vinda de Cristo. Há uma dor, um anseio, em Seu Corpo aqui na terra para que o Cabeça volte não mais em visitações (avivamentos) mas habitando em definitivo conosco (Reino de Deus).

Outra questão importante: A nossa vida tem sido um foco - uma pira, um braseiro, um ponto de convergência, um candeeiro que pode orientar?

Pira é um recipiente em que arde um fogo. A chama em todo crente é o Espírito Santo. Além do vento e da água, o fogo é um símbolo bíblico do Espírito Santo. Ele é Deus em nós. A sarça que arde e não se consome é uma representação do próprio homem que tem sua vida diante do Todo Poderoso!

Se o Espírito Santo, esse fogo glorioso, não está ardendo, se Ele não queima em nosso interior quando pecamos ou tendemos às coisas que o entristecem, se não temos prazer em tudo o que diz respeito à vontade do Pai, então devemos nos perguntar: Temos mesmo a Presença de Deus em nós? Ora, somos salvos ou não? Experimentamos o novo nascimento ou não? Que tipo de igreja somos? Que tipo de congregação é a que frequentamos? Que "evangelho" é esse que não ajunta brasas, antes é individualista, egoísta, tão cheio de não-me-toques, de melindres, não dado à exortação mútua ou à comunhão verdadeira entre os irmãos?

Muitos cultos hoje são reuniões sociais, pontos de encontro casuais. Só que é tudo tão fake! As expressões de adoração tão vívidas no domingo simplesmente se esvaem na segunda-feira. Os abraços e os cumprimentos - A paz do Senhor, irmão! - não alcançam aqueles que realmente estão padecendo. Geralmente as pessoas abraçam e cumprimentam as mesmas de seu círculo de amizades, gente que orbita seu "universo particular" (olha ele aí de novo!).

A igreja reunida tem deixado de ser um lugar para ajuntar brasas a fim de formar um altar ao Senhor. Há fogo estranho sendo aceso - entretenimento, movimentos, eventos, agitação. Mas Deus irá consumir todas as obras mortas, tudo o que é madeira, feno e palha (1 Coríntios 3.11-13). Ele também envia seu fogo quando murmuramos, ou seja, quando somos ingratos e não reconhecemos os Seus feitos (Números 11.1-3 - Taberá).

Somos um foco de luz para onde o mundo se volta a fim de não sucumbir nas trevas? Não se pode esconder uma cidade situada no alto de um monte (Mateus 5.14-16). Jesus foi enfático: "para que vejam as vossas boas obras". Não pode passar despercebida uma igreja constituída de pessoas que focalizam Jesus acima de tudo e que, por isso mesmo, torna-se um ponto de convergência da glória de Deus, um candeeiro para os perdidos.

Foco. Precisamos do Verdadeiro. Precisamos ser verdadeiros.

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